Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil: o que muda para o brasileiro e para quem empreende

O governo está preparando uma mudança importante no Imposto de Renda. A proposta que passou pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado quer isentar quem ganha até R$ 5 mil por mês e criar uma faixa de transição até R$ 7.350,00.
Na prática, isso significa que milhões de brasileiros podem parar de pagar o imposto e o governo vai precisar buscar essa grana em outro lugar. O plano é cobrar 10% sobre lucros e dividendos acima de R$ 50 mil mensais, o que afeta diretamente quem tem empresa, investimentos ou recebe participação nos lucros.
Parece confuso, mas vamos por partes.
O que muda com a nova faixa de isenção do IR
Hoje, só quem ganha até cerca de R$ 3 mil mensais está livre do Imposto de Renda. A nova proposta aumenta esse teto para R$ 5 mil, o que dá um respiro real pra quem vive de salário.
Se o projeto for aprovado, quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350 ainda pagará imposto, mas de forma mais leve e proporcional. Ou seja, quanto mais você ganha, mais paga, mas com uma transição suave.
Essa mudança é vista como uma tentativa de ajustar a tabela, que estava parada há anos. Na prática, muita gente que deveria estar isenta acabou pagando imposto porque o salário mínimo subiu e a faixa não acompanhou. É o famoso “ajuste” que chega depois que o bolso já sentiu o impacto.

Quem deve pagar mais com a nova regra
Pra compensar a perda de arrecadação, o governo quer tributar lucros e dividendos que são os ganhos que donos de empresas e investidores recebem.
A ideia é cobrar 10% de imposto sobre valores que passem de R$ 50 mil por mês, deixando isentos os lucros menores. Isso atinge principalmente empresas que distribuem muito dinheiro aos sócios ou pessoas físicas com rendas elevadas vindas de investimentos.
Também existe a proposta de criar uma espécie de “imposto mínimo” para grandes rendas, pra evitar que quem ganha muito use brechas pra pagar quase nada. É uma forma de equilibrar as contas e tentar fazer o sistema parecer mais justo (pelo menos no papel).
O que isso significa para quem empreende
Se você é dono de empresa, essa mudança te afeta direto. A taxação de lucros e dividendos muda completamente o cálculo sobre o que vale a pena retirar como lucro e o que vale a pena deixar dentro da empresa.
Empresas que costumam distribuir valores altos todos os meses podem passar a ter retenção automática na fonte. Isso significa menos dinheiro entrando na conta e mais atenção com o planejamento tributário.
Pode ser a hora de rever o formato de retirada: equilibrando pró-labore, reinvestimento e distribuição de lucros pra reduzir o impacto no caixa. Quem se planeja agora, evita dor de cabeça depois.
Como fica para o trabalhador comum
Pra quem vive de salário, essa mudança pode representar um alívio real. Se você ganha até R$ 5 mil por mês, o dinheiro que antes ia pro imposto agora volta pro seu bolso.
É uma diferença pequena no papel, mas que pode significar mais poder de compra no dia a dia.
Quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350 também deve sentir o efeito, pagando menos do que paga hoje.
Já quem tem uma renda maior precisa se preparar. A taxação de dividendos muda o jogo pra quem tem empresa ou investe com frequência.

A conta que o governo precisa fechar
Toda vez que o governo promete cortar imposto de um lado, ele precisa compensar do outro. A isenção de milhões de pessoas significa bilhões a menos nos cofres públicos.
E esse dinheiro precisa vir de algum lugar. A aposta é que ele venha justamente dos rendimentos mais altos e dos lucros empresariais, o que muda a dinâmica de arrecadação.
Estados e municípios também sentem o impacto, porque parte do Imposto de Renda é usada pra repasses locais. Ou seja, pode ter reflexo em investimentos públicos, obras e serviços. Quando o governo diz que “ninguém vai sair perdendo”, é bom ler as letras miúdas.
Como se preparar para as mudanças
Mesmo antes da aprovação final, já dá pra começar a se planejar.
Entenda de onde vem sua renda.
Salário, lucros, pró-labore ou investimentos — cada um segue regras diferentes.
Simule cenários.
Veja quanto você paga hoje e quanto pagaria se a nova regra valesse agora.
Reveja sua estrutura.
Quem tem empresa pode estudar outras formas de retirada, como equilibrar pró-labore e lucro.
Converse com um contador.
Ele pode te ajudar a ajustar o regime e evitar surpresas quando a lei entrar em vigor.
Essas decisões, quando tomadas com antecedência, podem evitar prejuízos e garantir que você aproveite o que tem direito.
E o que vem pela frente
O texto ainda vai passar pela Câmara e pode mudar até a aprovação final. Mas a direção está traçada: aliviar a base e tributar o topo.
O discurso é bonito e, se funcionar, pode deixar o sistema um pouco mais justo. Mas, como sempre, o resultado real vai depender de como a regra for aplicada (e de quanto o governo resiste à tentação de criar exceções).
Enquanto isso, quem empreende precisa estar atento. Reforma tributária, mudança no IR, alteração em lucro e dividendo: tudo isso mexe direto no bolso e na forma de fazer negócio.
Resumo do jogo:
Quem ganha até R$ 5 mil pode respirar. Quem ganha mais precisa se reorganizar. E quem empreende precisa entender que o jogo fiscal nunca para de mudar. Quem se antecipa, paga menos. Quem espera, paga o dobro.



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